18.3.10

Fim de noite

Ele diz que não gosta de ninguém e eu digo que a vida não saiu como planejado. A música fala que a humanidade é desumana, o doutor discute o propósito de ali estarmos, o mestre reconhece sua automatização e o banco pede mais um cadastro. O computador dá a possibilidade de ter uma senha que o tranque, você recua por medo e cautela e nós ficamos aqui sonolentos enquanto a madrugada se esquenta para virar dia. As cervejas gelam para que o garçom as sirva amanhã, o povo dorme para poder acordar e trabalhar para poder dormir um dia em paz e o bebê respira para poder fortalecer os pulmões e um dia respirar com toda a força que eles possuem e ganhar o pão que garantirá o tratamento do câncer. A gente pode escolher entre nascer e começar a morrer. Podemos trabalhar com a hipótese de que Deus não é tudo isso, podemos trabalhar com o Darwinismo, podemos ser esquizofrênicos, podemos tomar alucinógenos, podemos andar sobre brasa ardente. Vivemos sofrendo para poder morrer em paz mesmo não querendo que a morte chegue. Pensamos muito e não amamos e quando amamos esquecemos de pensar. Esquecemos de nós mesmos e de quem amamos e lembramos de enfrentar aqueles que não gostam de nós. Prometemos o tapa e o soco mas não dizemos em palavras o amor que sentimos. Batemos na face e não batemos no peito. Ele se ofende com a crítica e critica com ofensas. Ela anda depressa e nunca sai do lugar. Eles se reunem e sempre estão sós. Eu estou aqui sentada na mais completa paz de quem sabe que nada é como deveria ser. Sorria. Essa é a nossa vida.

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