31.3.10

Meu presente de ano novo

Eu estou ansiosa, eu tenho estado muito ansiosa, eu sou ansiosa. Tem dias que eu distraio a minha ansiedade, tem vezes que a tapeio com chocolate e coca-cola. Já fui de fazer oração, tomar dramin, chorar, roer unha, fazer poesia. Hoje em dia eu junto tudo. Estou aqui com aquele incensário de bruxinha, que se chama Nate, queimando um de canela. Comi um talento verde e tô bebendo coca zero. Não tô com frio e nem calor, tô ouvindo mutantes, posso acordar tarde amanhã e vou para casa depois da aula. Mas eu tinha planos e estava ansiosa por causa deles. Estava gostando de planejar.
Acho que é bem precipitado de minha parte dizer que você sabe do que estou dizendo, afinal, você não deve imaginar que lhe escrevo essas frases todas. É que cheguei em casa e soube que essa ansiedade cresceu ainda mais por falta de você. Eu não tô me importando se é amor, amizade, paixão ou só vontade de você deitado no meu colo e eu mexendo em seu cabelo. Eu cansei de ter que dar nome a tudo que sinto. Queria apenas te dar um abraço, ouvir suas verdades e ficar rindo enquanto você desepeja suas ideias sobre mim.
Também ando meio preocupada com você e comigo, com sua saúde, sua vida acadêmica, nossas conversas, o que vai ser contigo, comigo e conosco. Se é que há um conosco. Eu quero deixar bem claro aqui, que espero que haja. Eu não sei se você realmente não acredita em mim, mas eu queria experimentar nós dois como um só. Eu queria ver o que ia dar. Você me conhece, sabe bem por onde andar. E eu tenho toda a paciência e curiosidade do mundo para te descobrir.
Eu só vou te ver na segunda-feira mesmo, então desejo-lhe aqui um feliz feriado, melhoras e um caloroso abraço daquele que a gente dá e você diz "a gente resolve, viu?" e eu só olho pra cima em resposta.

Ah, pensando bem... Quero definir o que eu sinto em um parafraseamento inverso: você é meu presente de ano novo que o frio não vai levar. Tchau.

28.3.10

Como dois estranhos

- Não me deixa falando sozinha.
- Eu tô aqui, ué! Quer que eu concorde?
- Quero.
- Doida.
- Nem sou.
- É sim.
- Então você também é.

26.3.10

Eu carrego um inferno dentro de mim

Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim. Eu carrego um inferno dentro de mim.

25.3.10

Dos Balcãs

"far from home, elephant gun, let's take them down one by one"

22.3.10

Esse texto é para você e você sabe disso

Meu caro amigo que eu não quis que fosse assim tão amigo mas não teve jeito e eu não me enganei. Pode parecer que não, mas eu pensei em cada palavra que você me disse hoje. Algumas doeram - não por culpa tua, é que as carrego tatuadas no meu coração.
Dentre tantas coisas, percebi que você estava certo sobre tudo. Tudo. E principalmente que você é meu amigo. Você é a coisa mais linda de amigo que eu tenho, um coração em tamanhão de gente. Desculpa por eu estar machucada e achar que nos reinventar faria com que tudo melhorasse. Pensei em nós dois. Desculpe por eu desejar a minha má sorte a quem não precisa dela e por opinar sempre da mesma forma quanto aos teus problemas. Digo "de nada" pelos elogios que te fiz, e é de nada mesmo. Quando digo que você é uma pessoa incrível é para você acreditar mesmo.
Eu estava aqui pensando que você, assim como muita gente, pediu-me para que eu me desse uma chance. Para que eu mandasse tudo se foder e saísse por aí fazendo o que eu realmente quero. "Você não precisa fazer o que os outros querem", você disse. E você acertou em cheio. Engraçado é que bastante gente me disse... Faz diferença quando olham nos nossos olhos.
Muito obrigada por tudo o que você falou e fez, pelas loucuras que temos falado e feito, pelos planos que estão por vir e pelas broncas que levamos por sair da sala de aula.
Esse texto é para você e você sabe disso. Sabe também que eu te amo, que te quero por perto, te quero feliz, que a gente resolve tudo numa boa.

Ei... Aquele convite ainda está em pé? Eu aceito. Aqui o cão não somente morde como arranca pedaço.

19.3.10

Constando

Eu fiquei meio cansada de chorar amor. Tô cheia de mentir e omitir e de me depreciar. Eu quero felicidade agora. E se for preciso eu vou inventar uma vida, um novo amor e uma música que ainda não cantaram. Se precisar eu crio com as próprias mãos algumas tardes ensolaradas nós dois sentados em frente à biblioteca e eu mexendo no seu cabelo. Se eu achar necessário invento um aroma para o avelã, reinvento o vermelho e acendo luzes por onde passarmos. Eu crio uma Roma toda só para incendiá-la. Eu vou fazer de tudo para ser feliz. Eu compro por quilo ou cabeça. Eu vou até o fim.

18.3.10

Fim de noite

Ele diz que não gosta de ninguém e eu digo que a vida não saiu como planejado. A música fala que a humanidade é desumana, o doutor discute o propósito de ali estarmos, o mestre reconhece sua automatização e o banco pede mais um cadastro. O computador dá a possibilidade de ter uma senha que o tranque, você recua por medo e cautela e nós ficamos aqui sonolentos enquanto a madrugada se esquenta para virar dia. As cervejas gelam para que o garçom as sirva amanhã, o povo dorme para poder acordar e trabalhar para poder dormir um dia em paz e o bebê respira para poder fortalecer os pulmões e um dia respirar com toda a força que eles possuem e ganhar o pão que garantirá o tratamento do câncer. A gente pode escolher entre nascer e começar a morrer. Podemos trabalhar com a hipótese de que Deus não é tudo isso, podemos trabalhar com o Darwinismo, podemos ser esquizofrênicos, podemos tomar alucinógenos, podemos andar sobre brasa ardente. Vivemos sofrendo para poder morrer em paz mesmo não querendo que a morte chegue. Pensamos muito e não amamos e quando amamos esquecemos de pensar. Esquecemos de nós mesmos e de quem amamos e lembramos de enfrentar aqueles que não gostam de nós. Prometemos o tapa e o soco mas não dizemos em palavras o amor que sentimos. Batemos na face e não batemos no peito. Ele se ofende com a crítica e critica com ofensas. Ela anda depressa e nunca sai do lugar. Eles se reunem e sempre estão sós. Eu estou aqui sentada na mais completa paz de quem sabe que nada é como deveria ser. Sorria. Essa é a nossa vida.

16.3.10

Eu e as coisas

Parece que nunca vai ser do jeito que eu pensei. Nem só por mim, pelas coisas. Pelas tardes que eu vou ter de perder para poder talvez não ter as noites. Pela música que lembra a vontade e não corresponde à lembranças reais. Pelos livros que eu não deixarei de ler e o mistério que não mais tentarão desvendar em mim. Por já ter visto tudo das pessoas e descoberto que isso é nada.
Porque tudo que sou é sonho e esse sonho é maior que a minha vida. Eu sou grande demais para o mundo e o mundo não me pertence. Nem um pedacinho sequer. Tudo que sou é a vontade de ter sido outra coisa, tudo que quis ser era simples mas o simples não pode ser arquitetado. É simples. As amizades, o amor, os livros e o cheiro das tardes, tudo saiu diferente. Não reclamo porque as coisas saíram diferentes do planejado. Reclamo que tudo continua do jeito que era. Os mesmos sonhos e a mesma vontade de ser simples. A culpa é de mim e das coisas.
Da minha cara que amarra, da sorte que não sorri, das doenças, dos medos e do cérebro confuso. De tudo. Do Deus. Eu não queria que tudo começasse a dar certo de repente, sinto que não conseguiria viver sabendo que mais de um ano foi perdido. Eu queria voltar naquela mesma folha de caderno, erguer e cabeça e fazer tudo de novo. Eu queria ter um segredo de novo, queria ter a bondade que um dia tive e uma doçura que todo mundo um dia perde. Só mais uma chance de mostrar os motivos de eu estar aqui e tudo que eu sou capaz. Eu preciso apagar esse castelo de podridão que eu construí em meu lugar. Preciso quebrar esse muro de concreto que me cerca e explicar pra todo mundo que eu sou uma boa pessoa. Eu sou uma boa pessoa. Eu tenho de me reencontrar, de voltar a ser criança e me renovar. Renascer. Eu preciso regressar no tempo, de verdade, mais que qualquer outra pessoa nesse mundo inteiro. Por mim e pelas coisas. Só que isso é impossível.
Que faço eu da minha vida agora?

12.3.10

Carta de Isaías José Paulo aos queridos amigos

Ando meio descontente com a vida. Não que eu tenha do que reclamar, sinto confessar que não tenho. O que acontece é que desenvolvi o infeliz hábito de me considerar sempre em posse da razão. E nesse exercício de me conceder sempre a voz, acabei ficando trancado num quarto escuro com a companhia do eco de minhas palavras. Para quem pratica o esporte da comunhão de ideias, deixo-lhes o meu parecer de ser o inverso: a reverberação de si mesmo dói e flagela, e por esses mesmos motivos nos isola. Considero-me, amigos, no ostracismo de mim mesmo, prisioneiro do meu egoísmo e orgulho, soterrado na imundície de minha ignorância. Apodrecendo. Por mais que soe triste, não é. Não digo que não seja triste. Apenas não é. Ser assim é não ser, é deixar de existir.
Tenho me cansado dessa vida, como logo introduzi. Cansado das conclusões que de mim tiram, dos estigmas que nasceram em minhas mãos e pés, cansado de mim, do que me fiz ser. Adianto, porém, meus caros, que sairei dessa. Senti novamente a vontade de ser alguém, os alguéns que eu costumava ser. A primeira medida que tomei foi abrir o sorriso e mostrar todos os dentes que a genética me deu. A próxima atitude será desobstruir os ouvidos. Farei isso ainda hoje, antes de recostar minha cabeça sobre o travesseiro.

Meu nome é Isaías José Paulo, mas eu poderia ser qualquer outra pessoa.

8.3.10

Para o menino astronauta

Para o menino astronauta com uma estrela na mão
Com os pés molhados de mar sobre a seda do colchão
Da janela de casa observa a Lua vindo em direção
Admira o meteoro em rota de colisão

Brinca de pique-esconde na varanda de um planeta
Rabisca palavras na cauda de um cometa
Do menino que é a astronauta, o foguete feito à caneta
Seu universo inteiro de dentro de uma gaveta

Para o menino astronauta com uma luz no olhar
A cama é posta para quando voltar
Aeronave que decola do canteiro do pomar
O garoto que chuta a bola não tem tempo de chorar

Para o menino astronauta é desenhado o meu carinho
Para o menino sonhador, para o menino astronauta sempre sozinho.

3.3.10

Eu fui embora

Eu fui embora. Esse blog estava inutilizado há algumas boas semanas, mas eu senti que precisava dele de novo, não sei se é um recomeço.
Eu fui embora. Eu bati o pé no chão, juntei o pouco que tinha em sacolas e caixotes e levei para aquele lugar que julgo ser o meu futuro. Não sei. Como é que posso saber do meu futuro?
Nos primeiros dias senti saudades, chorei ao ir dormir. Pensei na mãe ao se ver confusa por tantos anos brigando pelos mesmos motivos banais, a irmã sem ter com quem dividir as ansiedades e opiniões fúteis sobre a vida e o pai chorando as saudades do bebê mais novo que deveria ter vindo homem. E chorei novamente, como a recém-nascida que fui outrora. Chorei comprimindo os pulmões e extraindo a última gota d'água que meus olhos conseguiram produzir. Rangi os dentes e pedi para qualquer boa força tirar a tristeza que repousava sobre os meus ombros.
A dor foi passando e um dia acordei feliz. Senti que era ali o meu lugar, fui criando raízes. A cabeça sempre pensando no tranco que preciso, na lotação que passará. E o coração apertado, os amigos ainda tão longe.
Lembro dos motivos que me fizeram ir embora e não sei se são tão pesados assim, se é que têm peso. A minha vontade é sempre gritar o amor que tenho pelas pessoas, é fazer ouvir tudo aquilo de bonito que sinto. É sempre esse o meu desejo. Mas viver não é fácil, a mãe tinha avisado há tempo. Esqueci-me, acho.
E é quando você pensa que está com o chão voltando ao controle das pontas táteis de seus dedos, que ele viaja bruscamente pro centro da Terra. Desabei. As lágrimas que chorei, muitas delas, parecem ainda úmidas no meu colo, o coração inchado e a garganta num nó que não somente dói como também retém a dor. Toda palavra que confiei à sorte que a mim sorriu, volta contra o meu rosto com frescor de cusparada, humilhante, gelada. Eu amei de novo sem precisar amar, eu joguei pro alto tudo que tinha e não vi onde caiu. Eu me meti em mais um erro e não sei como desfazê-lo.
Para mim tudo é complexo e o que eu mais queria era conseguir imaginar como as pessoas são se elas não forem eu. Compreende? Como é que as pessoas podem não se entregar, como conseguem não chorar a dor de um amor errado, como é que tiram o valor do "se importar"? Eu não sei. Só sei que me encontro completamente perdida nas ideias, nos sentimentos e no choro doído daquele que se sente enganado, ferido e, principalmente, impotente. Sinto-me incapaz de ajudar qualquer pessoa que seja, o que é mais doloroso quando se tem a completa noção de que ajudar, nesse caso, é fazer tão pouco, é talvez deixar de fazer, para que tudo volte ao normal, ou pelo menos a uma normalidade inventada.
Eu queria ter mais um ombro pra chorar aqui, mais um ouvido pra pedir conselho, mais alguém para partilhar dessa angústia de estar vivo. Queria poder sanar a dor de quem não merece tê-la, queria mudar a visão alheia, queria alterar o rumo das coisas e resolver problemas. Eu queria amar menos, ou amar direito. Queria que amar bastasse. Mas tudo que tenho é um coração egoísta quebrado, sangrando um choro ensaiado e antigo.
Eu fui embora e não sei se deveria ter ido. Eu fui embora de mim mesma.