18.6.11

and always will

Faz tempo não escrevo com o coração. Como quando eu tinha um amor platônico e a dor machucava até sangrar. Parece que fui ficando apática com o tempo, seca, sem vida. Reconheço que sempre fui egoísta, mas agora me encontro num nível profundo de indiferença onde só me preocupo com algo se me atingir diretamente no meio da face.
Nesse meio tempo - onde fiquei sem escrever de verdade - morreram muitas pessoas. Acabou meu emprego, mudei de ano, perdi amigos, afastei-me de outros, virei uma péssima namorada e uma filha relapsa. Ocupei todo o meu tempo com nada e a sucessão dos meus dias não tem graça alguma. Esses dias chorei assistindo House. No episódio, um ganhador de 40 e poucos milhões de dólares da mega-sena tinha descoberto que possuía 3 diferentes tipos de câncer. Aí ele disse bem assim: My life sucks, and always will. Me pegou em cheio, cutucou o estômago. É difícil você ter a lucidez suficiente para entender que sua vida é uma merda, sempre foi, está piorando e sempre vai ser assim. Difícil também aceitar que você está exatamente aonde não queria estar, que está fazendo as pessoas ao seu redor sofrerem e está... enlouquecendo.
Não sei mais o que eu espero das coisas, não sei o que eu quero. Só sei que está tudo errado. Minha cabeça dói o tempo todo, cansei de lutar contra os meus piores ímpetos e não sinto prazer em nada. Não faço amigos, guardo rancores, deixei de estar presente. Planejo mudanças que só ficam no pensamento e por uma série de motivos não saem dele.
Está tão difícil, tão confuso. Já virou uma ladaínha e eu sei que nada no mundo vai mudar o ser humano horrível que me tornei. Eu só precisava desabafar.