29.12.10

Fechado pela segunda vez


Eu me encontro num estado de estafa mental onde não quero conversa com quase ninguém. Eu estou fazendo a contabilidade desse ano que passou, do trabalho, do primeiro namoro, das novas amizades, do péssimo ano na faculdade, dos quilogramas a mais e dos neurônios a menos. Estou tentando entender as duas mortes que chegaram com o fim do ano e acabaram com quase todas as forças da minha família. Estou tentando entender porque, mesmo com saudade e medo, não consigo voltar a morar em Apucarana. Estou tentando entender porque eu falo sem pensar, porque sinto tanto medo das coisas e essa dor de cabeça que não sai de mim desde quando o meu primo se foi.
Estou tentando entender a vida e o azar, tentando entender a dor. Eu preciso mais do que nunca de compreensão, silêncio e carinho. Doses intensas de carinho. Eu preciso entrar no controle de novo, porque o meu "emocional" está despedaçado.

Vou ficar ainda mais dias fora e esse ano eu não vou fazer um agradecimento por 2010, embora eu tenha realizado um dos maiores sonhos da minha vida por ajuda de uma grande amiga, embora tenha tido um emprego maravilhoso, conhecido pessoas de ouro e, principalmente, encontrado o amor da minha vida sem esforço
algum. Eu amo vocês que me ajudaram, amo meus Castro, meu namorado, meus amigos. Mas eu tô cansada, não sei quando vou recuperar meus ânimos de volta. Estou fechada pra balanço e num luto mudo até quando for necessário.
Feliz 2011, saúde.


6.12.10

9 itens

Bom, kibando gostoso um post do blog da @carolbqc que já andou kibando um tumblr x por aí, eu quero fazer 9 coisas básicas sobre mim nesse post. Como eu sou egocêntrica, nem achei difícil listá-las. E foi ainda mais fácil porque tô entediada.
Então tá aí, em ordem aleatória de escolha:

1 - Quando eu esqueço alguma coisa rapidamente, esses lapsos de falta de memória, brancos rápidos, eu viro a cabeça levemente para a direita, semicerro os olhos e franzo a cara. Nessa linda expressão, paralizo todos os movimentos. Só assim, nessa sequência automática de ações, é que eu consigo lembrar a parada que acabei de esquecer. Isso acaba de acontecer. Eu acordei com uma música na cabeça e esqueci por uma fração de segundos o nome dela. É My Sweet Lord do George Harrison, no caso.

2 - Toda vez que eu lembro de uma gafe do passado, alguma situação de vergonha intensa, eu grito "ai". Não importa se eu esteja fazendo vestibular, num velório, beijando, no cinema, cozinhando, dançando a valsa vienense. Eu entro num universo paralelo de vexame e arrependimento e exclamo "ai" para mim mesma como se não houvesse amanhã. Isso já aconteceu tantas vezes na minha vida que eu já criei artefatos básicos de fuga quando tem gente por perto. A saída mais comum é dizer "me deu uma pontada na cabeça".

3 - Eu cutuco embaixo da unha até sair sangue quando estou fazendo a sobrancelha. Explico. Fazer a sobrancelha não dói tanto assim, mas irrita. É uma agonia extrema. Uma pessoa debruçada sobre você, com a base da mão afundando seu globo ocular, uma pinça afiada arrancando fio por fio e puxando a pele junto, sem parar, passando um algodão irritantemente seco. AAAAAAAH. É angustiante. O meu desvio de dor é cutucar a unha do dedo do meio com a unha do dedão até sentir dor, dor mesmo, para ver se desvio a atenção do meu cérebro para outro tipo de má sensação, afinal, dor é melhor que aflição. Pelo menos pra mim.

4 - Eu perco o sono quando não uso despertador. É que, assim, eu fui acordada pela a minha mãe até os 18 anos. Até atingir a maioridade eu nunca usei despertador. Aí eu fui morar fora e, infelizmente, comecei a trabalhar. Para isso eu usava meu celular e me acostumei rapidão, acordei quase o ano todo ao som de You Only Live Once e boa. Mas vocês mal podem imaginar o inferno que são os dias de folga, fim de semana e afins. O meu lindo corpinho curte muito dormir. Como ele sabe que, por mim, durmo 24 horas seguidas sem nem notar, ele fica me acordando de 20 em 20 minutos porque não botei o maldito do despertador para acordar. Deu pra entender? "Uau, poxa, que feliz! Amanhã dá pra eu acordar às 11 horas." Aí meu cérebro começa a me acordar às 7 da manhã. É eu dormir de novo que ele me sabota, acordo com um susto "PORRA, JÁ DEVE SER 8 DA NOITE!" E eu sou tão masoquista que, mesmo assim, não programo o despertador. Fico esperando o meu corpo acostumar que agora tô de férias, livre, sem trabalho. Mas o lindo me quer proletária mesmo, não tem jeito.

5 - Eu odeio figo, leite com achocolatado, molho de macarrão com cebola e frutas cristalizadas. Essas coisas pra mim são tão nojentas quanto morder nervo de frango. Odeio fígado também, mas acho que isso é questão de nivelamento social. Uma curiosidadesinha, rssss: eu amo panetone. Virou um ritual de, sei lá, uns 16 anos eu comer panetone tirando cuidadosamente cada grão daquele capeta em forma de goma que eles chamam de fruta cristalizada. E eu nem reclamo, curto mesmo essa tarefa. Tiro, deixo só as uvas passas, e amasso o panetone pra ele ficar meio encruado e como. That's how I roll.

6 - Meus pés são horríveis. Eu sei que não sou nenhuma Lady Di e só Deus pode me julgar, mas vocês não sabem como são meus pés. Ok que alguns sabem, né, a merda da convivência. Mas os bichos são escrotos. Digamos que de comprimento eu calço 32 e de largura eu calço uns 42. De modos que eu calço de verdade, em geral, 34-35 e sempre, digo, SEMPRE, deformo a lateral dos calçados. Aí você pensa "porra, mas isso também acontece comigo". Aí é minha vez de te dizer: qualquer largura absurda que seu pé possua, saiba que o meu é maior. E é. Quando eu engordo mais, a coisa passa do limite do aceitável e vira tipo uma... Prancha de surf. Aí você acha que acabou o drama, né. Bem que eu queria. Não tenho unha no dedinho - isso muita gente também sofre, né, que merdinha - e as outras unhas crescem pra cima. Imaginem assim, uma unha deve crescer meio reta, tipo uma prancha mesmo. A minha cresce tipo um ralf, aquela pista de skate que é uma rampa. Minha família me chamava de "unha rampada" quando era criança. Pé de onça também já chamaram. Devido a essa anomalia eu não sei fazer as unhas dos pés em casa, é bastante difícil. Quando eu vou na pedicure elas ficam chocadas e sempre me dizem "nossa, não dá pra fazer francesinha" como se eu estivesse pedindo e não soubesse do fato. Eu devo ter 1mm de unha em cada dedo do pé excetuando o dedão que é quase normal. Para fechar o caso ainda tenho 4 dedos do mesmo tamanho + um dedão que é muito separado dos outros dedos. Parece a mão de um orangotango com nanismo.

7 - Ainda no ramo das unhas, que são sempre anomálicas no meu caso, tem mais um fato babaca que eu acho o máximo em mim: rs. Sabe aquela curvatura branca (clique) que tem em background nas unhas da mão e dos pés? Esse negócio que todo mundo tem em pelo menos uma das unhas das mãos, geralmente nos dedões... Nos pés costuma-se ter nos dedões também, gente que tem aqueles dedos alienígenas bem compridos também têm em todos os dedos dos pés e... Enfim, eu não tenho. Nenhunzinho pra contar história. Como eu descobri isso? Sei lá. Só sei que foi desde criancinha e eu curto reparar se as pessoas têm ou não. Até hoje eu só descobri uma pessoa e se pá nem queria ter descoberto porque essa pessoa não merece ter a mesma bizarrice que eu porque é um cu.

8 - Eu tenho refluxo. Vomito em 95% das vezes que escovo a língua. Essa você poderia ter ficado sem saber, hein?

9 - Não sei jogar baralho. Nem truco, nem poker, nem cacheta, nem o raio que o parta. Não sei jogar vídeo-game. Não sei jogar jogar sinuca. Não sei jogar ping-pong. Não sei jogar totó. Não sei jogar nada que envolva quadra + bola + jogadores, ex: vôlei. E, tipo, nem quero saber.

Bom, eu poderia listar ainda mais uns 20 itens sobre mim, mas a proposta é 9. Ainda sobre as unhas, só um adendo: as unhas dos meus dedos do meio das mãos são tortas. "AI MEUS DEDOS TAMBÉM", ok, lindos, todo dedo do meio é torto. É anatomicamente normal ter os dedos do meio tortos, sorte tua que não são retos senão você quebraria com facilidade. As minhas unhas é que são tortas. Dá pra notar até por foto. Ah! Antes que eu me esqueça de um dos meus pequenos prazeres pessoais: tenho a menor mão do mundo em proporção de idade e altura. Procura-se quem quebre esse recorde.

Tchau.

5.12.10

Atenção

A minha intenção aqui não é magoar ninguém. É esclarecer. Eu preciso de atenção.
Preciso de atenção na mesma medida em que preciso ficar em silêncio comigo mesma, conversando sozinha, silenciosamente, calada.
Eu preciso do cuidado extremo. Da devoção. E não é pedir muito. Talvez eu já faça isso por alguém.
Eu preciso ser ouvida, compreendida, apoiada. Eu preciso do sei-como-é-isso e do fica-bem-meu-bem. Chega a ser vital essa necessidade.
Eu preciso que me escute, preciso que pare tudo o que está fazendo e me ouça ao telefone, preciso que se penalize com o meu pesar, que chore junto as minhas dores, que force a compreensão.
Eu preciso que todo o carinho que dou seja retribuído da mesma forma, da forma atenciosa que eu tanto peço. Preciso da simultaneidade, do olhar repousado sobre os meus, enxergando as minhas palavras.
Eu preciso que atenda o telefone e se alegre por ser eu, que me acorde com bons dias e lamente a minha ausência. Meu Deus você longe daqui como me dói.
Eu preciso que você demonstre isso tudo com a mesma intensidade que eu demonstro. Caso contrário, me sinto sozinha, fico ferida.
Eu preciso de você, sabe?