24.12.09

Tchau, 2009

Bom, acho que chegou a hora de fazer o último post desse ano. Ainda restam alguns dias para o fim de 2009, mas acredito que preciso dizer agora.
Inicialmente eu pensei em fazer um texto usando o nome das pessoas e em seguida um agradecimento. Achei piegas. Vou, então, fazer uma retrospectiva desse ano, desse meu ano, e usarei o nome de muitos de vocês para agradecê-los por tudo que fizeram por mim - voluntária ou involuntariamente.

O meu cunhado está aqui em casa e os meus pais estão se arrumando porque vão à missa hoje mais tarde. Eu não vou e também não tenho um namorado, optei por ficar aqui. Começou a chover ainda há pouco e eu decidi que estava na hora de tomar uma chuva. Fiquei uns 5 minutos e foi o suficiente para gelar todo o corpo e eu pensar nas palavras certas desse texto. 2009 está acabando.
Esse ano começou na maior letargia possível. A gente estava morando em outra casa porque a oficial estava reformando, ela tinha dois andares. Foi nessa época que eu adquiri o doce costume de ir deitar às 4 da manhã, em média, e acordar ao meio-dia. Nesse período que durou até março, eu convivi (hum) muito com o pessoal da confraria. Aqui ficam os meus agradecimentos ao Diguete, Kbça, Kinho, Lobão, Gagega, Ju, Junior, Julia, e, principalmente, ao Lopes que é um maravilhoso. Eram todas as madrugadas rindo e matando o tempo com eles, era bom, era muito bom. Foi quando saiu o resultado da UEL numa manhã de não sei que dia. Interessante. Ler meu nome naquela lista foi uma sensação legal, mas eu assumo sem medo algum dessa prepotência: achei mesmo que fosse passar. Não sei, cresci querendo UEL. Se eu não passasse, teríamos aí um problema.
No dia 2 de março começaram as aulas. Eu lembro bem que no primeiro dia de aula eu estava de mau humor porque Londrina é muito quente. A minha maquiagem derreteu. Eu logo encontrei o Danylo perto do Pinguim do CESA que, à essa altura, parecia há 40km do CECA. Ele me levou até à sala porque era aula da Maria Helena. Eu reconheci o Greg e achei a Cinthia uma louca. Eu estava armada, cara fechada, enojada. Eu não sei daonde surgiu tanta repulsa. Acho que era medo. Aí teve aquela apresentação inicial e eu escolhi o Gui como padrinho. A Vanessa, a Bia e a Cinthia sentaram-se enfileiradas ao meu lado e de costas para mim. Achei que era o começo do fim daquilo que chamam de "vida". Errei. O Bonner sentou ao meu lado e o Fernando também. Naquele dia eu conversei com a Marci e a Carol e lembro de ter visto o Digão e o Marcelo.
O ano foi passando e eu fui automaticamente me aproximando do Danylo, do Greg e da Vanessa. Certa afinidade foi sendo criada com o Fagner, Demian, Bonner e Lu. Esses dois últimos eu continuo mais próxima. Aí surgiram Kiko e o pessoal dos outros anos e cursos, tipo a Cah, de Letras. Só sei que aquela afinidade ali do tripé que suporta esta coisa que sou, foi essencial. O Danylo e sua doçura sem fim, suas gírias, as coisas da Marly, o abraço magrelo, a risada sequestradora de mau humor e o sorriso mais sincero da vida. Ele causa. Aí vem o Greg e sua vagareza, seu cafuné estilo Tio Teddy e as frases bonitas que ele solta sem querer. Por último a Vanessa, essa sim já me conheceu bem. Noites na casa dela, aborrecimentos em Apucarana, pautas cagadas, opiniões divergentes, ônibus e mais ônibus, dias de Sim Senhor, planos futuros, RUs, risadas, não-dormidas, sono da UEL à tarde, medos e confissões. Virou amiga, amiga mesmo. Obrigada, pequeno pokémon. Obrigada, Dany lindo, Lu e suas gírias, Bonner e sua sabedoria, Kiko e seus sorrisos, UEL por tudo, tudo mesmo.
E foi na UEL que eu encontrei o Beure pela primeira vez. Dá pra ser mais lindo? Essa é a pergunta que fica. O sotaque do Beure é a coisa mais linda do mundo, é de um recifismo que deixa saudade. Eu agradeço ao Beure por ser o cu mais doce do tiopês, por ser lindo, por ser meu neni e por existir. E quero que venha morar aqui pra dar mais abraços nessa sua princess of Bonelândia.
Aí lá pelas férias - uma delas, né. Esse ano o que mais teve foi férias - surgiu o período mais sombrio que já passei nesses 18 anos. Eu não sei se preciso pedir desculpas e nem se eu preciso recebê-las, mas eu sinto que preciso dizer um sincero obrigada. Eu aprendi muito nesse período e descobri que tenho um limite e que chegar perto dele dói demais, demais mesmo. Você sabe o que é acordar no meio da noite e sem mais nem menos começar a chorar? Você sabe o que é, de repente, no meio da aula, sentir vontade de sair gritando pelos corredores? Parece exagero, não? Mas não é. A minha psicóloga entra nessa como uma das salvadoras, além da Nate - essa falarei ainda mais adiante. E o Fê entra como peça chave de duas Lucianas: a adolescente e a adulta. Eu demorei dois anos para entender que tudo estava errado e três meses para sair da lama. Hoje eu me sinto feliz por estar livre disso, por não ser tão doente como era e sofrer tanto por algo que nunca poderia ter dado certo. É por isso que te agradeço, Fê. Por ter entrado de alguma forma nessa história e ter me ajudado a me conhecer de verdade. Graças à esse sofrimento eu já sei quando não dá mais para aguentar, eu sei quando é sério, eu sei quando me fará mal.
Bom, eu falava da Nate. Essa aí, junto da Vanessa, é sinônimo do meu 2009. Enquanto a UEL comia solto, aqui em Apucarana a Natália reinava soberana. Todo fim de semana era loucura, era combo, era amigas, era desossa. Muito Hard Money, Carolina e os Navarros e saídas de boa. Foram tantas gírias e crises de riso que eu nem sei numerar, prefiro lembrar aqui e dar uma risada cheia para agradecer essa demônia das trevas que é Natália Mônaco. Obrigada por tudo, biscalittle. Você é foda.
Paralelo à isso surgiu outra pessoa de conversas de madrugada, tipo aqueles da confraria. Esse aí é o Marcelo. O Marcelo não é parecido com ninguém não, mas foi bem importante, quase crucial. É bom saber que a gente ainda pode falar, que tem gente pra escutar, concordar, rir, expor ideias. É estranho sair do Ensino Médio e descobrir quanta vida inteligente está escondida e é bom descansar à sombra dos outros. É muito bom. Muito obrigada pelas suas ideias, Marcelo. Pelas suas palavras que não merecem ser perdidas, por ser engraçado e por deixar eu ser sua amiga.
Preciso também agradecer ao Príncipe por povoar minha mente e inspirar péssimas crônicas, ao Luiz por ser essa pessoa linda, ao Bomba por ser o Bomba, a Nayara por me deixar tantas saudades, ao Gusta que fodeu meu cabelo, a Elaine por ser minha irmã, aos meus pais por serem intelorantes - sem ironia - a todo mundo que esteve ao meu lado esse ano e todos que leram aqui, comentando ou não.
Eu, como você pôde ver ao longo das postagens desse blog, sou uma pessoa sentimental, confusa e contraditória. Eu precisei de muitos de vocês esse ano para poder crescer, aguentar, suportar. Não foi um ano fácil no quesito saúde mental. Foram amores dilacerados, paixões erradas, novas amizades, novos territórios, saudades de antes, novas inimizades. Eu nunca lidei com tanta coisa nova como nesse ano, fiquei perdida muitas vezes e até hoje me encontro assim. Mudei de opinião, levei-me pelos outros, chorei, bati cabeça na parede, escrevi, errei, errei, errei. Acertei. Estou aqui cheia de medos, planos, agradecimentos. Espero que minhas metas de 2010 sejam atingidas e que novos medos me povoem o ano que vem. Eles me movem.

Feliz 2010 e que ele venha de foder. Luciana pretende crescer ainda mais.

Tchau.

22.12.09

Obrigada

Daniel Johns, Kurt Cobain, Billie Joe Armstrong, Julian Casablancas, Pedro Bandeira, Manuel Bandeira, Marcos Rey, Dalton Trevisan, Álvaro Cardoso Gomes, Ruth Rocha, William Hanna, Joseph Barbera, Carlos Drummond de Andrade, Gustav Klimt, Leelee Sobieski, Sam Huntington, Jake Gyllenhaal, Pedro Almodóvar, Quentin Tarantino, Gus Van Sant, John Travolta, Juliette Lewis, Wagner Moura, Selton Mello, Andy Warhol, Maurício de Souza, Luiz Galdino, Maria José Dupré, Fernando Vaz, Augusto dos Anjos, Franz Kafka, Charles Darwin, Diego Velásquez, Roberto Carlos e, principalmente, Roberto Fernandes, o Beto. Obrigada.

21.12.09

Nota

O dias andam tão estranhos que eu nem tenho tido a pachorra de postar algo.
Tenho passado por ondas de medo e surpresa, mas acredito que tudo se acertará em breve. Temos longos meses pela frente.
Vou esperando o Natal chegar e o famigerado 2010 vir botando pra foder.

Beijos e até o último post de 2009 onde Brittany Murphy continua viva.

8.12.09

7.12.09

De dentro de mim

Eu vou fingir que isso aqui não é um blog e que eu estou conversando com alguém que entenda. Não que isso exista. Pode ser até Deus, se ele for capaz de compreender ou coisa assim.

Eu não sei se é coisa minha, não sei mesmo, mas eu sinto a cada dia mais forte uma certeza de que nada está sob o meu controle. Você sente?
Eu acordo e vejo que tudo o que eu quero/gosto/repudio depende de outras mãos. Sabe? O que eu faço e o que eu digo são coisas monitoradas, são aprovadas ou reprovadas, são conduzidas.
Só que eu não tenho conseguido lidar com isso. Eu tenho colocado o som bem alto de novo, dentro dos tímpanos, para não ouvir a minha cabeça tentanto avisar que tudo está errado. E eu nem sei quando isso voltou a acontecer. Acho que dormindo eu esqueci de me ouvir, mas agora grita novamente.
Muita gente diz que quer algo, e procura por isso, mas não sabe o que é. Só que eu tenho certeza que na minha vida isso faz bem mais sentido. Porque eu me sinto mal com isso desde os 13 anos. Todos esses anos. Às vezes parece que alguém me dá trégua, sabe. Eu começo a ficar mais solta, menos preocupada. Mas volta, sempre volta, cara. E isso não é justo! Hoje mesmo eu tive muita fome, eu tive ódio, eu tive dor de cabeça, eu tive vontade de abandonar tudo. O meu coração aqui dentro parece que está sendo segurado por duas mãos, coisa ruim de sentir.

E não é drama, pior de tudo.

Eu não sei explicar muito certo o que ocorre, eu só sei que eu não me sinto bem, eu me sinto sozinha no meio de todos... Igual eu estava há um tempo atrás. Eu me sinto perdida, eu me sinto dependente da palavra alheia, eu me sinto e sou muito fraca.
Eu também não sei se isso é doença, se é crônico, se é bobeira minha. Só sei que a culpa é das pessoas. Todas elas.

6.12.09

que ano nada a ver!

só consigo resumir 2009 a esse título.

2.12.09

O Grito


Há quem diga que Zé Firmino era ocupado demais. Mas ele não era.
Vivia andando pra lá e pra cá com uma pastinha de couro embaixo dos braços, não havia papel dentro - ninguém sabia disso. Todo dia uma gravatinha azul e a camisa branca já amarelada pelo tempo. "Um homem distinto", diziam.
Zé Firmino morava na Rua Pombos, cujo nome só lhe trazia desgosto. De seu apartamento mofado, via os carros lá embaixo enfileirados e buzinantes, agradecia por só ter bicicleta. Bebia o café sempre vendo as pessoas do prédio da frente acordarem e tomarem o desjejum antes de ir ao trabalho. Sentia-se relaxado. Zé Firmino não trabalhava. Em sua pasta havia sempre uma caneta e só. Saía por aí desenhando em qualquer canto que achava, fosse muro ou fosse pedra,
Numa quinta-feira alaranjada acordou estranho. Deve ser porque o telefone do vizinho tocou. Zé Firmino nunca teve vizinho no andar de cima cima. Zé Firmino nunca falara ao telefone e se lembrara disso. Acho mesmo é que Zé Firmino não falava, mas ele não conseguia fazer o teste... Bem podia ser sua mente, não os ouvidos.
Foi quando enumerou que não conversava desde o nascimento, mas não lembrava ao certo se havia nascido. Com medo de ser invenção do tempo, desceu as escadas correndo em busca de um telefone público. Sabemos como fazer uma ligação, Zé Firmino não sabia.
Tirou do gancho e esperou que alguém dissesse algo. Sem sucesso. O zunido lhe foi tão estranho que soltou o aparelho no ar, ficando o negócio suspenso pelo cabo. Tentou novamente em vários orelhões pelo caminho. Nada de êxito.
Foi ficando desesperado. "Não sou gente", pensava. Será que era? Zé Firmino viu uma garotinha desenhando com giz na calçada quando realizou que estava sem a distinta pastinha embaixo do braço. Foi subindo um ar quente às ventas, um fervilhão pelo estômago, uma coisa ruim. Saiu correndo rumo ao prédio novamente. "Uma caneta", pensava.
Subiu as escadas tropeçando, arfante, caiu no último degrau. Levantou-se instantaneamente e foi procurar a pasta. Revirou a casa. Duas vezes. Nem sinal da pastinha. O jeito ruim foi crescendo-lhe de novo. Sem palavras, sem caneta, sem pastinha, sem telefone. Mordeu os lábios arrancando sangue vivo, cerrou os punhos e lançou-os contra a parede. "Que diabos é isso?", pensava. Era a raiva que lhe fervia, um mal estar, calor na testa.
Chegou ao pé da janela ainda vertiginoso. Reclinando o corpo todo para a janela, sentiu um ar seco e cinzento entrando forçosamente pelas narinas. Palavras, caneta, pastinha, telefone. "Será que sou ontem?", pensou também. E o Coisa Ruim ou Santo Deus queimando-lhe em brasas finas por dentro. Não foi se aguentando, sofrendo em convulsão sã, debateu-se em pé. Botou um braço para fora, sacudiu ao vento e mediu com os olhos o que podia o esperar lá embaixo. Sentiu medo. Tentou mais uma vez achar a pasta. Desceu as escadas e percorreu o caminho de novo. Viu a menininha e o graveto, os carros, a noite chegando.
Eram 19h45 quando subiu pela última vez. Abrindo a porta num soco, foi à janela e fez o que deveria ser feito:
Fechando os olhos fortemente, estufou o peito, deixou metade do corpo para fora do apartamento, angulou a cabeça rumo à Lua e, num vomitar, gritou. Gritou como se jamais no mundo houvesse tido grito.