27.7.10

Sagrado

Por você eu não nego as sagradas escrituras e sou capaz de afirmar que vale mais um dia nos teus átrios do que, em outra parte, mil.

23.7.10

Diretamente do inferno

Esse texto é sobre o que dizem de mim e não vão mais dizer.
Esse texto é sobre a facilidade de me culpar pelas coisas por eu ser "difícil de lidar". Esse texto é sobre a terrível dor de ser como sou.
Esse texto é sobre as pessoas como eu. Pessoas como eu são complicadas. São duras e explícitas, enérgicas. Pessoas como eu são doentias e tentam mudar o que vêem de errado pelo poder de sua persuasão. Pessoas como eu falam mais que as demais pessoas, e falam de todas as formas que conseguem, pessoas como eu sofrem, sofrem porque têm uma sensibilidade maior àquilo que está errado e porque nosso grito nem sempre é tão alto a ponto de todos ouvirem.
Pessoas como eu amam profundamente e, ao amar, cobram, e ao cobrar, sofrem a injustiça de serem chamadas de injustas. Pessoas como eu amam e, ao amar, erram. Porque amar é o maior erro que um ser humano pode cometer. Pessoas como eu sofrem a agonia de ser dramático, de ver a tristeza crescer em qualquer canto que for. Pessoas como eu não sabem calar a boca, não ponderam as palavras e esquecem de pensar antes de falar.
Pessoas como eu desejam mudar o mundo, por mais que seja o seu mundo particular.
Pessoas como eu, essas com coração calejado. Que batem portas, choram, mordem, rangem, perdem a razão. Pessoas que sentem a febre subindo à testa porque não conseguem explicar que o que cobram é apenas o amor que doam. Pessoas como eu não têm dimensão dos sentimentos, possuem todos em seu grau máximo de expansão. Pessoas que fagocitam o próprio coração, digerem seus orgulhos feridos e degustam o sabor peculiar do sangue entre os dentes.
Pessoas como eu, eu como pessoa. Que não sei pedir as coisas mas sei que as devo pedir. Pessoas como eu que acreditam nas outras e na mítica força do amor. Pessoas como eu que não perdem a esperança na vida e nos seus desejos. Pessoas como eu que perdem a credibilidade porque sempre pedem as coisas. São sempre sérias.
Eu. Que não sei o que faço da vida e de tanto errar acredito que a falta de saída é o meu encontrar. Eu e algumas pessoas que querem por perto, que querem estar junto, que querem agora. Ou talvez seja somente eu.
Fulano. Ele. Nós. Esse texto é para quem quer seja, é só um aviso. É um texto para quem não sabe da dor a metade, para quem não sabe o que fiz para ser quem eu sou. Para quem não sabe o esforço que é ser assim, se manter equilibrado. Esse texto é para informar que não vão mais me chamar de teatral e nem nada do tipo. Esse texto é para deixar claro que eu sou assim, e eu não vejo erro em querer sempre mais. Eu não vejo mal em pedir que as coisas sejam como eu quero. Elas nunca são.
Esse é mais um texto escrito direto do inferno, o local onde sempre sou acolhida de braços abertos.

18.7.10

Traço da Personalidade

Ser rude, impetuosa, (im)previsível, dramática. Tudo isso é perdoado, é traço da minha personalidade. Eu sei disso porque me dizem. O assassino só passa a ser um monstro quando a agressividade-traço-da-personalidade tira a vida de alguém. O mentiroso tem esse traço da personalidade. Quando mente sobre nós, torna-se um crápula. A rebeldia é um traço da personalidade, a militância é deliquência.
Enfim, não estou aqui para criticar como a sociedade lida com os defeitos. Não estou apta a oferecer saídas, portanto, calo-me. Vim aqui dizer que há um traço na minha personalidade que ninguém nota com facilidade. Eu o perdi. Eu não faço mais planos.
Passei 18 anos de minha vida planejando coisas - isso não quer dizer que se realizavam. E meus planos, de tão grandes, viravam sonhos, e desses sonhos surgiam coisas que mente alguma poderia planejar. Eu parei com isso, parei quando o maior dos planos deu certo. Agora sou mais uma, sem perspectivas, não sei criá-las sem os planos. Não levo uma vida de sonhadora, faço drama com coisas não teatrais, tento me virar com o que tenho. Mas não tenho planos.
O motivo desse texto não era parecer confusa e nem ao menos fazer uma brincadeira com "traço da personalidade", era só avisar que a partir de agora eu vou começar a fazer planos de novo, vou esquematizar, combinar comigo mesma, sonhar bem alto. Essa sou eu, afinal, minha personalidade.
Be careful.

15.7.10

Falando de agora

Falando de agora, nesse momento, às 22 horas e 55 minutos desse 15 de julho de menos de 15 graus, falando de exatamente agora, eu precisava de você. Eu precisava do seu lado, as costas afiladas, sentados numa varanda e o vento frio correndo as narinas. Eu precisava do seu corpo tremendo e o jeito peculiar que você segura o copo com cerveja. Precisava do mundo inteiro lá longe e a cidade brilhante nos cobrindo da noite que vem. Eu precisava de eu e você esquecendo tudo o que aconteceu e acontece, precisava que perdêssemos os medos e as memórias. Só por agora. Que déssemos as mãos um ao outro e olhássemos dentro dos olhos. Precisava falar contigo aquelas coisas que só eu digo e eu queria ouvir de você. Precisava do seu abraço enquanto o meu choro molha o seu peito esguio, da minha risada abafada nos seus braços e o seu gosto invadindo a minha boca sem pedir licença. Falando de agora, só de agora, eu precisava de você e mais nada.

11.7.10

Amor

Leve, como leve pluma
Muito leve, leve pousa
Muito leve, leve pousa

Na simples e suave coisa
Suave coisa nenhuma
Suave coisa nenhuma!

Sombra, silêncio ou espuma
Nuvem azul que arrefece

Simples e suave coisa
Suave coisa nenhuma!
Que em mim amadurece

6.7.10

De volta

Há muito tempo não escrevo. Não tenho tempo. Eu estou ocupada demais fazendo coisas que não gosto e brigando com pessoas que gosto e não entendem como sou. Eu sou frágil.
Há muito tempo não coloco as ideias no lugar. Já não tenho prioridades, medo, não sei o que é saudade e o que é vontade de estar por perto.
Há muito tempo não cuido de mim. Como mal, durmo mal, tusso o dia todo. Ao menos não fumo mais. Bebo em excesso.
Há muito tempo não sentia aqui dentro o amor me castigar dessa forma tão bruta. O coração cansado, a voz trêmula, as veias doloridas. Eu já estava me esquecendo como era isso tudo.
Há muito tempo não ouço um "te amo", ou talvez nunca tenha ouvido. Não ganho abraço, não mordo mais.
Há muito tempo não vagabundeio, não fico no ócio, não sou adolescente.
Há muito tempo eu não caía na fossa de novo, mas eu voltei. De onde nunca deveria ter saído.

É bom estar no inferno de novo.