23.7.10

Diretamente do inferno

Esse texto é sobre o que dizem de mim e não vão mais dizer.
Esse texto é sobre a facilidade de me culpar pelas coisas por eu ser "difícil de lidar". Esse texto é sobre a terrível dor de ser como sou.
Esse texto é sobre as pessoas como eu. Pessoas como eu são complicadas. São duras e explícitas, enérgicas. Pessoas como eu são doentias e tentam mudar o que vêem de errado pelo poder de sua persuasão. Pessoas como eu falam mais que as demais pessoas, e falam de todas as formas que conseguem, pessoas como eu sofrem, sofrem porque têm uma sensibilidade maior àquilo que está errado e porque nosso grito nem sempre é tão alto a ponto de todos ouvirem.
Pessoas como eu amam profundamente e, ao amar, cobram, e ao cobrar, sofrem a injustiça de serem chamadas de injustas. Pessoas como eu amam e, ao amar, erram. Porque amar é o maior erro que um ser humano pode cometer. Pessoas como eu sofrem a agonia de ser dramático, de ver a tristeza crescer em qualquer canto que for. Pessoas como eu não sabem calar a boca, não ponderam as palavras e esquecem de pensar antes de falar.
Pessoas como eu desejam mudar o mundo, por mais que seja o seu mundo particular.
Pessoas como eu, essas com coração calejado. Que batem portas, choram, mordem, rangem, perdem a razão. Pessoas que sentem a febre subindo à testa porque não conseguem explicar que o que cobram é apenas o amor que doam. Pessoas como eu não têm dimensão dos sentimentos, possuem todos em seu grau máximo de expansão. Pessoas que fagocitam o próprio coração, digerem seus orgulhos feridos e degustam o sabor peculiar do sangue entre os dentes.
Pessoas como eu, eu como pessoa. Que não sei pedir as coisas mas sei que as devo pedir. Pessoas como eu que acreditam nas outras e na mítica força do amor. Pessoas como eu que não perdem a esperança na vida e nos seus desejos. Pessoas como eu que perdem a credibilidade porque sempre pedem as coisas. São sempre sérias.
Eu. Que não sei o que faço da vida e de tanto errar acredito que a falta de saída é o meu encontrar. Eu e algumas pessoas que querem por perto, que querem estar junto, que querem agora. Ou talvez seja somente eu.
Fulano. Ele. Nós. Esse texto é para quem quer seja, é só um aviso. É um texto para quem não sabe da dor a metade, para quem não sabe o que fiz para ser quem eu sou. Para quem não sabe o esforço que é ser assim, se manter equilibrado. Esse texto é para informar que não vão mais me chamar de teatral e nem nada do tipo. Esse texto é para deixar claro que eu sou assim, e eu não vejo erro em querer sempre mais. Eu não vejo mal em pedir que as coisas sejam como eu quero. Elas nunca são.
Esse é mais um texto escrito direto do inferno, o local onde sempre sou acolhida de braços abertos.

3 comentários:

  1. life is more intricate than it seems, always be yourself along the way - living through the spirit of your dreams

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  2. Mimimi, tinha me perdido no seu blog - esqueci o quanto eu gosto daqui.
    Agora já li tudo e tomo-me o direito de dizer que você é foda e, mesmo que esteja triste, escreva pra gente gostar.

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