11.7.11

A Onda

Sinto como uma onda, condenada a uma vida medíocre, na eterna rotina de bater na rocha e dela nada extrair. De tentar beijar a areia e ser sugada. Fecunda, carrega, movimenta, mas nunca sai do lugar. Sinto a efemeridade de ser onda, de morrer sem que ninguém lembre de mim. Sinto a tristeza da onda em seu eterno medo de invadir a praia, avançar. Sinto a solidão da onda que nada é senão mais uma entre tantas outras que sempre existiram. Sinto o medo da onda em ferir as pessoas, em machucá-las sem ter intenção. Sinto a fúria da onda quando arrasta o que vê pela frente e devora, engole, desaparece, aquilo que bem desejar. Sinto o silêncio da onda que sofre sozinha, se quebra e desaparece sem soltar uma lágrima. Sinto o sal do mar queimando meu sangue, corroendo minha pele, ardendo os olhos. Sinto o sufoco, me afogo e morro, irrelevante e fugás, como uma onda.

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