9.2.11

Doendo

Pode parecer mais um dos meus dramas mas dessa vez não é. Não tem sido drama há tantos dias, tem sido sempre verdade. E essa verdade agora tá doendo muito, tá consumindo mesmo. A minha vontade é, sei lá, entrar num coma profundo e esquecer que tudo isso tá acontecendo com a gente, comigo. Porque, sabe, em mim moram a borboleta e o beija-flor, em mim moram a imaginação fértil igual de criança que sonha com coisas impossíveis. Em mim moram a chorona e a comilona, a engraçada e a desesperada. Essas tantas que conheceu de perto.
Mas há dois dias virei medo, morte. Eu não tô aguentando, tô doente. Me arrasto da sala pro quarto, do quarto pro banheiro. E dói o tempo todo o corpo, mais ainda o coração. Dói uma vontade tão muda de gritar que já entendi, que tô sofrendo de verdade, que meu choro queima a pele quando rola quente e ácida. Tá doendo demais mesmo, de dentro pra fora, incendeia meu corpo inteirinho.
Será que eu sou tão ruim assim que o silêncio tem de ser meu único companheiro agora? Dói muito e eu não mereço tanta dor. A saudade e o medo em mim dançam de mãos dadas. Eu sou tão ansiosa. Respeito a sua mágoa, mas e a minha? Tô magoada por ser eu mesma, pelas coisas. Porque não para de doer um segundo sequer. Eu quero estar perto, sabe? Eu quero presença de novo. Eu quero isso ou sumir. Quero a paz de volta ou morrer. Porque essa dor tá acabando comigo. Me olho no espelho e só vejo olheiras e palidez. Tá doendo. Tá doendo demais.

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