7.3.11

Nova

Vou contar pra vocês, me tornar uma pessoa melhor tem sido mais fácil que emagrecer. Eu fiz uns, sei lá, trinta regimes emagrecedores até hoje. Nutricionistas, endocrinologistas, exorcistas, seitas xiitas. Tudo. Nada que não me fizesse encontrar rapidamente os poucos quilogramas que perdia me privando meses do pecado mais nobre de todos: a gula.
Mas eu nunca havia sentado comigo mesma e decidido: hoje eu vou me reconstruir. Aí eu cheguei num lugar e, de repente, todo um vão se abriu. Ao meu redor, poucos. Uns dois ois, vários deboches, risadinhas, ofensas. Culpa minha, só minha. Da arrogância, infantilidade. Escolhas erradas, tantas delas. Num lapso de pensamento somado à duas canecas de cerveja, decidi que ali era o recomeço da minha vida. Falei com quase dez pessoas, resolvi cem pendências. Eu rasguei meu peito e mostrei o que havia dentro, sem querer ser tão dramática - mas já sendo. Pessoas que eu não gostava e comecei a gostar, pessoas que eu gostava e que não gostavam mais de mim, pessoas que não havia tido tempo de gostar. Agora todas elas ali, vivas, sorrindo pra mim, me abraçando, aceitando uma segunda chance que, acho, mereci. Revestida de humildade e uma coragem que eu nunca tive, pedi desculpas. Muitas delas. Recomecei.
E recomeçando comecei a falar com as pessoas, a cumprimentá-las sem medo. Exercitei uma simpatia que eu não sabia que eu tinha, uma felicidade diferente, a alegria de ser bem quisto. E daí colhi frutos: sorrisos, cumprimentos, cervejas, recados, estágio. Sabe que acredito que tudo é uma questão de merecimento? Fechei janelas, abriram-se portas. O vento agora bate numa face mais doce e serena, mais justa e sem medo de errar. A cada dia venço um podre que carrego em mim. O remédio mata a ansiedade, a mente mata a impulsividade, o amor me bota os pés no chão, o coração em euforia e a cabeça nas nuvens. É um novo tempo que começou e eu estou pronta para o que der e vier.
A próxima meta é emagrecer. Será que devo tentar hipnose?

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