Um pedreiro a encontrou na manhã daquele dia fedendo a carniça. Formigas te atacavam e um besouro beliscava a tua boca cheia de carnes. Sua família vestiu o luto e os tantos que tentaram ser seus amigos foram dar o último adeus. Você repousava imperativa no caixão, esse rosto sisudo, a cabeça enfaixada. Apareceram 4 ou 5 homens, um com câncer e outro não tem certeza se te conhecia. Duas mulheres passaram por lá, juro ter visto uma lágrima lá pelas 4 da madrugada. Coroa de flores não te mandaram. Caro demais.
No seu enterro 12 pessoas contadas nos dedos das mãos e mais duas narinas. Uma cruz azul espetada no topo, o nome escrito errado. Sua mãe colocou uma florzinha enterrada de mau jeito na terra cru de sua tumba. Era amarela como a sua vida foi. Mais tarde uma mulher trajando branco passou por lá, sussurrou umas palavras e num gesto pensado sambou em cima do seu jazigo. Amassou a flor e levou a cruz consigo. "Ninguém vai notar", pensou em voz alta.
Depois desse dia jamais ouviu-se falar de você novamente.
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