25.1.11

O Cheiro

Um dia eu li por aí um negócio que me ocorreu ainda agora num desses flashes rápidos de lembrança. Li de uma menina perdidamente apaixonada que, quando ela encontrava o namorado, não adiantava tomar banho, passar cremes, perfumes, dormir, acordar e correr a Maratona de São Silvestre: o cheiro dele sempre permanecia nela. Eu achei isso muito bonito, apesar de eu não conseguir reproduzir a poeticidade com a qual ela escreveu essa declaração de amor.
Já devem fazer cinco anos que eu sequer acho essa menina pela Internet, mal tenho certeza do nome dela. Mas lembro dessa frase quase todos os dias da minha vida. Lembro porque sinto um cheiro embriagante me invadindo as narinas, tomando minhas maçãs do rosto e dançando pelos meus cabelos. Um perfume vivo de quem está por perto. E não está. Não adianta eu tentar sufocá-lo, tapar o nariz, acender incenso, incendiar a casa. O cheiro entra pelo quarto rasgando as cortinas, apossa meus ombros, me deita na cama e beija os lábios. É o cheiro do meu amor.
Cheiro refrescante de quando você me sorri mansinho, me abraça apertado e me chama de nomes cafonas que só a gente acha romântico. Cheiro pesado de quando o ciúmes nos vence, das saudades doloridas e dos desentendimentos tão irracionais. Cheiro alegre de quando a gente não consegue parar de falar do quanto se ama, se beija, se morde e ri sem parar de tanta coisa que não dá pra enumerar. Cheiro que eu sei que é seu de longe, que não sai nem trocando seu perfume, cheiro do seu corpo, do seu ser, da sua certeza, da sua felicidade. Cheiro que agora também sou eu, parte sua, carne, alma, coração. O melhor cheiro do mundo.

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