12.11.10

Eu vou dizer agora o que eu queria ter dito na hora que pude. Não tive coragem.

Herói, eu não fui a sua prima mais próxima e nem convivi contigo nesses últimos anos, mas trago comigo muitas lembranças boas, muito carinho, muito amor por você. De lembrar da forma que você ria descontroladamente silenciosa, de como você sempre passava mal em viagens (e a gente te zoava bastante), de como você era lindo e era o único primo de olhos verdes. Você gostava do jeito da vó, dessa brabeza engraçada dela, você era enjoado com comida (ovo sem gema, por favor) e passou sua pré-adolescência como ovelha negra da família. Eu, você e Thaís, os filhos problema. Não que fôssemos ruins, nada disso, tínhamos "gênio forte", diziam. Você foi por um grande tempo um menino quietão, brusco, fechado, tipo o teu pai em relação a algumas pessoas. Mas, assim mesmo como o Seu Zé Pai, você mostrou para o que veio. Sempre cheio de namoradas, sempre rindo de tudo e fazendo um comentário que fazia as tuas primas quase chorarem de rir.
Vídeo-game me lembra você, de Carmen Sandiego do Natal de 90 e pouco ao Play 3 do último Natal. BigMac me lembra você. O Rappa me lembra você. Olhos verdes. Dentes quadradinhos. Som alto. As coisas da vó. Os malhas. Biscata. Vira a página. Tony e Áurea. Muita coisa, primo, muita coisa. De quando seu carro pifou perto da catedral, de quando você beijou a menina embaixo do pé de chuchu, de você rindo do Tio Gilberto.
Hoje a tua recente partida faz sentido por alguns motivos e o maior deles é não receber tão frequentemente a notícia de que "o Zuido não tá bonzinho". Também me consola saber que te disse a tempo o quanto me orgulhava da sua força, o quanto te amo. E, não menos importante, por saber que seus 22 anos foram vividos com intensidade, com felicidade e muitos, muitos mesmo, bons momentos.
Sei que esse último ano e meio que você viveu foi doloroso, meu amigo, eu sei sim. Muito tratamento, muito remédio, internação, superproteção. Mas você venceu aquele que te vencia, pisou em cima do pescoço do inimigo. Mas ele voltou e dessa vez a gente teve de aceitar que você não tá mais aqui. Foi duro, primo. Foi horrível e está doendo muito. Te ver e não poder te ouvir rindo novamente, Zé. Você não tem ideia de como é estranho estar perto de você e não ver esses olhos verdes se franzindo ao rir. Dói muito, primo.
Eu quero que saiba, onde quer que esteja, que de você ficam as boas lembranças, boas risadas e muita sabedoria de um jovem que lutou até o fim. Você é o guerreiro mais forte que já vi, é o meu herói para todo o sempre. Nem sei mais o que te dizer, cara. Saiba também que, apesar de nos sentirmos aliviados por sua dor e sufoco terem cessado, você deixa mãe, pai, irmão, tios, primos, amigos e uma namorada apaixonada muito desnorteados pelo eco do seu silêncio que vai perdurar pra sempre.

Esperamos te ver em breve, Zé! Nós te amamos e isso nunca, nunca, nunca irá acabar.
Valeu, Zuido, Dudé, Zé Eduardo. Valeu por tudo!

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