4.4.10

Barro

Meus pés estão sujos de um barro vermelho e gelado, no meu rosto está o mais sincero sorriso que dei nesse ano. Nesses dois anos. Três.
Hoje meu texto será para brindar a alegria de estar viva. Será em memória de tempos negros que jamais voltarão, será em homenagem ao sorriso da Natália, ao abraço do Gregory e ao jeito esquisito e doce do Felipe. Será pela música boa, pela bebida gelada, pela náusea e as risadas esquizofrênicas. Pela Nayara no posto de gasolina, pelo cabelo úmido, pela Cláudia amada e as pessoas ao redor. Dedico essas palavras à Elaine, irmã que escolheram pra mim e não podiam ter feito melhor. Pelo chão que comporta nosso peso e o céu sempre a vigiar. Pelo tapete de luzes e a mãe do firmamento. Pelas pernas que nos sustentam e as mãos sempre tão vivas. Isso é por Londrina estar me esperando, pelo beijo e o abraço quente. Pelo prazer e o vinho barato. Pelo mal que não quero e não faço mais questão. Por tudo que era errado e a mim não pertence mais. Pela vida estar caminhando como eu sempre quis, pela insanidade e simplicidade dos dias que vem vindo. Por eu conseguir deixar pra depois e soltar esse amor pra fora. Amar, amar e amar, sem colher de volta. Dar amor, não emprestar. Viver, velho. É por viver.
Eu escrevo tudo isso em homenagem à vida, à minha vida. À vida dos meus pais, dos amigos, dos conhecidos e de quem está a me esperar lá do outro lado. Eu não fui embora da minha terra, eu ganhei mais uma. Eu tenho amor em todo canto, eu vou viver de amor porque aprendi a amar essa vida. Aprendi a me amar. Eu escrevo em homenagem ao amor, e é amor que desejo a vocês que estavam comigo agora. Amor, velho. Era disso que eu falava o tempo todo.
Meus pés estão sujos de um barro gelado e vermelho e eu não quero lavá-los nunca mais.

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