18.11.10

Novo Eu

Agora são 3 e 27 da madrugada e eu tomei uma decisão: não vou mais ter medo das coisas. Eu não sou mais sentir o mundo sumindo debaixo do meus pés por banalidades. Eu vou deixar de ser responsável. Eu vou pensar em mim. Eu vou ser egoísta de verdade.
O medo que me paralisa, o medo que me faz sofrer, o medo que me sangra. Esse medo vai morrer. Perdemos tempo tendo medo, tempo em que poderíamos estar vivendo. E não estamos. Eu faço parte desse grupo, do clube dos infernais. Eu vou tirar esse pedaço de inferno de dentro de mim, eu não serei mais em carne viva. Eu quero ser inconsequente.
As minhas frases, mais do que nunca, começarão com EU. Eu não serei mais passada para trás, eu não serei mais acuada. Agora eu tô nervosa e as coisas vão se curvar quando eu passar.

12.11.10

Eu vou dizer agora o que eu queria ter dito na hora que pude. Não tive coragem.

Herói, eu não fui a sua prima mais próxima e nem convivi contigo nesses últimos anos, mas trago comigo muitas lembranças boas, muito carinho, muito amor por você. De lembrar da forma que você ria descontroladamente silenciosa, de como você sempre passava mal em viagens (e a gente te zoava bastante), de como você era lindo e era o único primo de olhos verdes. Você gostava do jeito da vó, dessa brabeza engraçada dela, você era enjoado com comida (ovo sem gema, por favor) e passou sua pré-adolescência como ovelha negra da família. Eu, você e Thaís, os filhos problema. Não que fôssemos ruins, nada disso, tínhamos "gênio forte", diziam. Você foi por um grande tempo um menino quietão, brusco, fechado, tipo o teu pai em relação a algumas pessoas. Mas, assim mesmo como o Seu Zé Pai, você mostrou para o que veio. Sempre cheio de namoradas, sempre rindo de tudo e fazendo um comentário que fazia as tuas primas quase chorarem de rir.
Vídeo-game me lembra você, de Carmen Sandiego do Natal de 90 e pouco ao Play 3 do último Natal. BigMac me lembra você. O Rappa me lembra você. Olhos verdes. Dentes quadradinhos. Som alto. As coisas da vó. Os malhas. Biscata. Vira a página. Tony e Áurea. Muita coisa, primo, muita coisa. De quando seu carro pifou perto da catedral, de quando você beijou a menina embaixo do pé de chuchu, de você rindo do Tio Gilberto.
Hoje a tua recente partida faz sentido por alguns motivos e o maior deles é não receber tão frequentemente a notícia de que "o Zuido não tá bonzinho". Também me consola saber que te disse a tempo o quanto me orgulhava da sua força, o quanto te amo. E, não menos importante, por saber que seus 22 anos foram vividos com intensidade, com felicidade e muitos, muitos mesmo, bons momentos.
Sei que esse último ano e meio que você viveu foi doloroso, meu amigo, eu sei sim. Muito tratamento, muito remédio, internação, superproteção. Mas você venceu aquele que te vencia, pisou em cima do pescoço do inimigo. Mas ele voltou e dessa vez a gente teve de aceitar que você não tá mais aqui. Foi duro, primo. Foi horrível e está doendo muito. Te ver e não poder te ouvir rindo novamente, Zé. Você não tem ideia de como é estranho estar perto de você e não ver esses olhos verdes se franzindo ao rir. Dói muito, primo.
Eu quero que saiba, onde quer que esteja, que de você ficam as boas lembranças, boas risadas e muita sabedoria de um jovem que lutou até o fim. Você é o guerreiro mais forte que já vi, é o meu herói para todo o sempre. Nem sei mais o que te dizer, cara. Saiba também que, apesar de nos sentirmos aliviados por sua dor e sufoco terem cessado, você deixa mãe, pai, irmão, tios, primos, amigos e uma namorada apaixonada muito desnorteados pelo eco do seu silêncio que vai perdurar pra sempre.

Esperamos te ver em breve, Zé! Nós te amamos e isso nunca, nunca, nunca irá acabar.
Valeu, Zuido, Dudé, Zé Eduardo. Valeu por tudo!

11.11.10

Bilhete ao meu amor

Minha Vida,

quando a gente briga eu choro feito uma condenada. Choro mesmo, com dor, sangrando. E você me abraça forte, me afoga em seu peito, me silencia. Aí somos eu, você, seu perfume e nada mais. É como se o mundo inteiro ao redor se desligasse e virasse só cenário, palco e plateia para nós dois.
Aí o seu cheiro fica em mim por horas, longas horas. Lavo a pele e ainda o sinto, nos braços, no rosto, no colo. E às vezes me vem de repente, sobe às narinas, bate pela janela, invade o quarto, enche o coração. Costumo crer que é você pensando em mim, se fazendo presente.
Eu nem sei porque estou escrevendo isso, na verdade. Acho que é só para você saber, pela enésima vez, que eu te amo. Essa menina arrogante, medrosa e frágil te ama com toda a força que possui, e precisa de você a cada dia mais, a cada hora, a cada minuto, a cada segundo.

Sua Luciana.